Manifesto was the first exhibition presented at Sala de Estar | Living Room. The brazilian artist Fábio Tremonte accepted the invitation to elaborate a solo show following the intruction method. He sent the files and the works were ellaborated by the curator/producer in the local of the exhibition.
Manifest is composed by a series of 97 sentences writen with a stencil type and printed in white on black A4 sheets. The type, not chosen randomly, refers to the stenciled alphabets used in army-themed displays. The phrases are excerpts from the Communist Manifesto (Engels & Marx), first published in 1848. By presenting these carefully selected sentences out of they original context, Tremonte proves the contemporaneity of one of the most important political tractates of modern times - the phrases reflect perfectly the current social and political scenario.
Manifest is composed by a series of 97 sentences writen with a stencil type and printed in white on black A4 sheets. The type, not chosen randomly, refers to the stenciled alphabets used in army-themed displays. The phrases are excerpts from the Communist Manifesto (Engels & Marx), first published in 1848. By presenting these carefully selected sentences out of they original context, Tremonte proves the contemporaneity of one of the most important political tractates of modern times - the phrases reflect perfectly the current social and political scenario.
Laurem: Fábio, o teu trabalho situa a arte como ponto de partida para (re)pensarmos a sociedade, a história, a política e outras questões similares, não apenas como conceitos, mas como símbolos para a vida cotidiana contemporânea. É possível separar a atuação do artista da do cidadão?
Fábio: Acredito que a atuação do artista não se desprende da atuação como cidadão, visto que o trabalho do artista é de caráter público. Essa impossibilidade de separação já está prevista, mesmo que alguns neguem ou não contemplem isso em sua prática. Claro que alguns artistas vão se valer disso mais efetivamente, tornado essa relação muito mais evidente. Acredito que esse engajamento com a vida cotidiana seja uma urgência que pode ser percebida na produção de alguns artistas, assim como no dia a dia de alguns cidadãos. Acredito que a urgência cotidiana leva a certos posicionamentos e engajamentos.
L: Percebo que a vivência é outro ponto chave na tua produção. Você poderia falar sobre os teus trabalhos que conjugam proposição artística com arte-educação? Como surgiu esse vontade de unir atividades normalmente distanciadas em contexto expositivo?
F: Prefiro utilizar o termo educação, sem atrelar a arte, pois acho desgastado demais o termo arte- educação. Não que a palavra educação não esteja desgastada também; há o fato ainda vir acompanhada por uma carga pedagógica que pode remeter a uma certa formatação de regras e formas de aprender e ensinar. Mas, ainda assim, opto pela palavra educação.
Bom, meu envolvimento come educação começou pouco tempo depois que meu envolvimento com arte. Já trabalhei (e trabalho) em muitas instâncias nas áreas da arte e da educação, desde como professor em escolas particulares de ensino fundamental e médio, como em programas educativos (como educador, como coordenador), escrevendo materiais educativos, etc.
Partindo da minha vivência, penso que o processo de educativo pode ser muito parecido com processo de produção artística, pois é um espaço que pode ser extremamente experimental - isso, claro, se romper com os limites das regras e formas, ditos anteriormente.
Partindo dessas minhas duas áreas de atuação, decidi experimentá-las de maneira integrada. Dessa forma acho que completo a resposta da primeira questão, quando falo sobre o engajamento do artista na vida cotidiana. Penso que propor espaços de vivência, onde os limites entre arte, educação e a própria vida são borrados, é não separar a atuação do artista a do cidadão de forma explícita.
L: O diálogo também me parece ser uma ferramenta central no teu trabalho. Pode me contar alguma experiência onde o diálogo tenha reverberado para além da obra, positiva ou negativamente?
F: Essa reverberação além ainda é algo que sinto que precisa acontecer, é uma instância que o trabalho ainda não alcançou. Euer dizer, de forma individual, em conversa com uma outra pessoa, consigo perceber que o trabalho está indo além dele, mas ainda não percebo nada que seja significativo como experiência coletiva.
L Observando a tua produção, não vejo preferência por algum meio ou suporte específico, que te interesse mais plasticamente, mas vejo principalmente um foco nas questões conceituais que quer explorar. Ainda assim, existe algum suporte que te interesse mais ou que atualmente tenha mais relevância?
F: Comecei como desenho, como muitos artistas começam. As histórias em quadrinhos eram minhas grande referências. Entretanto, com o passar do tempo, o desenho não dava mais conta dos assuntos que eu gostaria de tratar, e assim fui percorrendo outras formas de produzir.
Hoje, acredito que existam alguns suporte que estejam mais presentes na minha produção - alguns mais tradicionais, outros nem tanto. Posso dizer que é recorrente o interesse pelo design gráfico - assumindo formatos como livros, cartazes, impressos, etc. -, assim como a criação de espaços para encontros - conversas, debates, preparar uma refeição e comer junto, conversar sobre temas urgentes, criar uma gráfica temporária.
L: Percebo que existe, em alguns dos teus trabalhos, uma relação muito estreita com o lugar geográfico onde eles são realizados (ou apresentados). Poderia me falar um pouco sobre isso? Como se dá esse processo? E como isso conversa com essa nossa proposta, que é apresentar uma exposição em outro país com uma curadoria feita à distância?
F: Na verdade, procuro estar de fato nos lugares por quais passo, seja no meu cotidiano, seja em viagens longas ou curtas. Acho que os lugares tornam-se significativos quando fazem parte integrante de quem os vivência. Entretanto, algumas vezes, o trabalho é pensado antes de eu ir para determinado lugar. Faço uma pesquisa à distância e quando chego no lugar duas situações podem acontecer: o projeto fazer sentido ou o projeto não fazer sentido. O inesperado é sempre parte do processo.
No caso do Manifesto estar indo para outro país através de uma curadoria à distância, acho que o inesperado também habita esse processo. Parte do trabalho está sob meu controle, mas outras não. Desprendimento também é parte desse processo.
Fábio Tremonte nasceu em 1975, em São Paulo, onde atualmente vive e trabalha. é bacharel e mestre em Artes Visuais pela ECA-USP.
Fábio: Acredito que a atuação do artista não se desprende da atuação como cidadão, visto que o trabalho do artista é de caráter público. Essa impossibilidade de separação já está prevista, mesmo que alguns neguem ou não contemplem isso em sua prática. Claro que alguns artistas vão se valer disso mais efetivamente, tornado essa relação muito mais evidente. Acredito que esse engajamento com a vida cotidiana seja uma urgência que pode ser percebida na produção de alguns artistas, assim como no dia a dia de alguns cidadãos. Acredito que a urgência cotidiana leva a certos posicionamentos e engajamentos.
L: Percebo que a vivência é outro ponto chave na tua produção. Você poderia falar sobre os teus trabalhos que conjugam proposição artística com arte-educação? Como surgiu esse vontade de unir atividades normalmente distanciadas em contexto expositivo?
F: Prefiro utilizar o termo educação, sem atrelar a arte, pois acho desgastado demais o termo arte- educação. Não que a palavra educação não esteja desgastada também; há o fato ainda vir acompanhada por uma carga pedagógica que pode remeter a uma certa formatação de regras e formas de aprender e ensinar. Mas, ainda assim, opto pela palavra educação.
Bom, meu envolvimento come educação começou pouco tempo depois que meu envolvimento com arte. Já trabalhei (e trabalho) em muitas instâncias nas áreas da arte e da educação, desde como professor em escolas particulares de ensino fundamental e médio, como em programas educativos (como educador, como coordenador), escrevendo materiais educativos, etc.
Partindo da minha vivência, penso que o processo de educativo pode ser muito parecido com processo de produção artística, pois é um espaço que pode ser extremamente experimental - isso, claro, se romper com os limites das regras e formas, ditos anteriormente.
Partindo dessas minhas duas áreas de atuação, decidi experimentá-las de maneira integrada. Dessa forma acho que completo a resposta da primeira questão, quando falo sobre o engajamento do artista na vida cotidiana. Penso que propor espaços de vivência, onde os limites entre arte, educação e a própria vida são borrados, é não separar a atuação do artista a do cidadão de forma explícita.
L: O diálogo também me parece ser uma ferramenta central no teu trabalho. Pode me contar alguma experiência onde o diálogo tenha reverberado para além da obra, positiva ou negativamente?
F: Essa reverberação além ainda é algo que sinto que precisa acontecer, é uma instância que o trabalho ainda não alcançou. Euer dizer, de forma individual, em conversa com uma outra pessoa, consigo perceber que o trabalho está indo além dele, mas ainda não percebo nada que seja significativo como experiência coletiva.
L Observando a tua produção, não vejo preferência por algum meio ou suporte específico, que te interesse mais plasticamente, mas vejo principalmente um foco nas questões conceituais que quer explorar. Ainda assim, existe algum suporte que te interesse mais ou que atualmente tenha mais relevância?
F: Comecei como desenho, como muitos artistas começam. As histórias em quadrinhos eram minhas grande referências. Entretanto, com o passar do tempo, o desenho não dava mais conta dos assuntos que eu gostaria de tratar, e assim fui percorrendo outras formas de produzir.
Hoje, acredito que existam alguns suporte que estejam mais presentes na minha produção - alguns mais tradicionais, outros nem tanto. Posso dizer que é recorrente o interesse pelo design gráfico - assumindo formatos como livros, cartazes, impressos, etc. -, assim como a criação de espaços para encontros - conversas, debates, preparar uma refeição e comer junto, conversar sobre temas urgentes, criar uma gráfica temporária.
L: Percebo que existe, em alguns dos teus trabalhos, uma relação muito estreita com o lugar geográfico onde eles são realizados (ou apresentados). Poderia me falar um pouco sobre isso? Como se dá esse processo? E como isso conversa com essa nossa proposta, que é apresentar uma exposição em outro país com uma curadoria feita à distância?
F: Na verdade, procuro estar de fato nos lugares por quais passo, seja no meu cotidiano, seja em viagens longas ou curtas. Acho que os lugares tornam-se significativos quando fazem parte integrante de quem os vivência. Entretanto, algumas vezes, o trabalho é pensado antes de eu ir para determinado lugar. Faço uma pesquisa à distância e quando chego no lugar duas situações podem acontecer: o projeto fazer sentido ou o projeto não fazer sentido. O inesperado é sempre parte do processo.
No caso do Manifesto estar indo para outro país através de uma curadoria à distância, acho que o inesperado também habita esse processo. Parte do trabalho está sob meu controle, mas outras não. Desprendimento também é parte desse processo.
Fábio Tremonte nasceu em 1975, em São Paulo, onde atualmente vive e trabalha. é bacharel e mestre em Artes Visuais pela ECA-USP.